A matéria abaixo foi extraída do Jornal da Paraíba.
Professora sofreu um acidente dentro de casa e teve de amputar o braço. Passado o susto, ela começou a aceitar a nova realidade e resolveu não se acomodar.
Quando tinha 11 anos, Vera Garcia sofreu um acidente dentro de casa e teve de amputar o braço. Passado o susto, ela começou a aceitar a nova realidade e resolveu não se acomodar. Recebeu o apoio da família e dos amigos para seguir a vida como antes, com os mesmos sonhos. E foi isso que fez. Passou no vestibular, se formou e foi aprovada em três concursos públicos.
“Em 1991 fiz meu primeiro concurso para professora, para o qual fui aprovada e nomeada. Foi uma vitória muito importante para mim”, declara Vera, que posteriormente foi aprovada em outros dois concursos na área de Educação. A história da pedagoga serve de exemplo para todas as pessoas portadoras de deficiência, que muitas vezes se acham limitadas para os desafios da vida.
O acidente que mudou a minha vida
Amputados Vencedores entrevista Vera Garcia do Blog Deficiente Ciente
Amputados Vencedores entrevista Vera Garcia do Blog Deficiente Ciente
Vera trabalhou 14 anos como professora efetiva do ensino básico e mais seis como vice-diretora efetiva de uma escola em Campinas (SP). Atualmente trabalha como modelo fotográfico de uma agência para pessoas com deficiência e gerencia o blog ‘Deficiente ciente’, que pode ser visitado através do site www.deficienteciente.com.br.
Quando fez o primeiro concurso, Vera desconhecia as leis que obrigam a reserva de vagas para pessoas com necessidades especiais. “Só em 2000 fiquei sabendo da obrigatoriedade. Eu fiz o concurso na ampla concorrência, quando poderia ter concorrido às vagas da reserva”, comenta. Assim como Vera, muitas outras pessoas portadoras de deficiência não sabem seus direitos quando o assunto é concurso público.
A garantia de reserva é dada através do artigo 37 da Constituição Federal. Isso tem aumentado consideravelmente o número de inscritos em concursos públicos. A busca pela estabilidade e pelos salários oferecidos são atrativos cada vez mais fortes para quem almeja ocupar um cargo no serviço público. Pela lei, todo concurso deve reservar até 20% das vagas aos portadores de deficiência. Mas será que isso realmente está sendo cumprido?
O presidente da Associação dos Deficientes e Familiares (Asdef), Francisco Izidoro, diz que sim, mas que ainda há muitas ‘pegadinhas’ nos editais. Por isso, é preciso ficar atento. “Já tivemos problemas sérios em concursos da Paraíba, a exemplo do da Polícia Civil e da Cagepa”, afirma. Segundo Izidoro, a associação já entrou com várias ações judiciais contra editais. “Muitos deficientes nos pedem para analisar os editais e não é raro encontrarmos irregularidades”, conta.
Conforme relata Izidoro, no último concurso da Cagepa, a reserva de vagas para portadores de necessidades especiais foi feita após a distribuição das vagas pelas cidades. “Ao final, apenas João Pessoa e Campina Grande reservaram oportunidades para os deficientes”, diz. Se a reserva for feita após a distribuição, o percentual será mínimo, ou, muitas vezes, inexistente. “Inicialmente foram reservadas 5 vagas, mas depois que entramos na Justiça, o número aumentou para 35”, declara.
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