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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Ciclista que teve braço decepado recebe prótese e revela ter sido atropelado novamente

Mal se recuperou do acidente que causou a amputação do seu braço, David dos Santos, 21, foi atropelado mais uma vez. O jovem contou a história na clínica de Sorocaba, cidade que fica a 98 quilômetros de São Paulo, quando recebia a prótese que vai substituir o braço perdido.
O "novo" acidente foi há cerca de um mês, quando ele andava de bicicleta no bairro onde mora na capital paulista. Segundo o rapaz, o motorista só não passou por cima dele porque percebeu o atropelamento a tempo.
Para David, os motoristas precisam respeitar mais os ciclistas para evitar acidentes. Ele teve o braço arrancado em março por um carro quando passava de bicicleta pela avenida Paulista.
Dessa última vez, o rapaz disse que o homem que dirigia o carro ouviu o barulho da bicicleta caindo e parou o carro. "Eu voltei a pedalar há cerca de um mês depois de perder o braço e me adaptei, mas os motoristas parecem não enxergar o ciclista", desabafa.

Novo braço

O rapaz foi a Sorocaba para os últimos treinamentos com a prótese que ganhou de um empresário da cidade. "É um processo complicado porque eu não uso mais esses músculos há quatro meses, mas vou me adaptar", diz David tentando se concentrar em enviar os comandos para mover a mão biônica.
A prótese que David vai usar custa cerca de R$ 300 mil e, de acordo com o empresário Nelson Nolé, é o equipamento mais moderno que existe no mercado de próteses. "A mão se movimenta com comandos cerebrais, como acontece com as pessoas que possuem os membros", afirma. Ele diz que são 14 movimentos, que recebem a força ou pressão necessária para cada atividade.

Futuro

David já está cheio de planos. Na verdade, o rapaz viveu grandes mudanças desde que foi atropelado e agora poderá executar melhor as novas atividades que surgiram em sua vida. Ele iniciou um curso para ser bombeiro civil, também é instrutor de rapel, professor de dança e um ciclista inveterado. "A bicicleta é a melhor solução para o trânsito de São Paulo, além de não poluir o meio ambiente", afirma.
O rapaz diz ainda que a nova mão biônica, que tem tatuagens de caveira personalizadas, vai permitir que ele ajude outras pessoas. Desde o acidente, ele tem participado de grupos que defendem os direitos dos ciclistas, fazendo campanhas pelas redes sociais. Agora, a mobilidade será maior, já que poderá ficar mais independente. "Só vou ter de me adaptar a andar de bicicleta com esta nova mão", prevê.
Ele já está ansioso para mostrar o novo equipamento para os amigos e a família em São Paulo, onde mora. Mesmo assim, terá de continuar indo para Sorocaba para sessões de fisioterapia. "Ele precisa reeducar toda a musculatura para comandar a prótese", explica o fisioterapeuta Anderson Nolé. Ele disse também que o novo braço de David tem exatamente o mesmo peso estimado do membro perdido, cerca de 1,6 kg.
Sobre Alex Siwek, o estudante de psicologia que o atropelou, David disse que não recebeu nenhum contato desde o dia do acidente. "Eu estou esperando pela primeira audiência do caso. Não acredito que haja uma grande punição a ele, como muita gente pede", afirma tentando ser realista.
                                         David Santos Souza, 21, recebeu hoje a prótese com tatuagens de caveiras em Sorocaba (SP)
Desde o acidente, o jovem tem vivido momentos de fama. Agora, ele se divide entre as entrevistas e o aprendizado com a prótese recém-chegada. "A rotina dele está muito corrida, o que atrapalha um pouco nessa adaptação à mão biônica", diz Nolé. "Mas é importante que as pessoas vejam o caso dele e o tenham como um exemplo positivo de pessoa batalhadora", completa.

Entenda o caso

De acordo com a polícia, David passava de bicicleta na ciclofaixa da avenida Paulista por volta das 5h na contramão de tráfego quando foi atingido por um veículo em alta velocidade. O ciclista disse que viu apenas o motorista derrubar três cones que estavam na avenida. Ele não se lembra do momento do impacto.
David teve o braço direito arrancado. O motorista do carro fugiu do local do acidente e jogou o membro, que tinha ficado preso no parabrisas, em um córrego.
O estudante Alex Siwek foi preso na época do acidente, mas agora responde pelo atropelamento em liberdade. O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) confirmou no início do mês a liminar já obtida por Alex, que substitui a sua prisão preventiva por medidas cautelares.

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